sábado, 25 de dezembro de 2010

Feliz Natal, porcos carecas!


They Don't Care About Us

Tradução:

Eles não ligam pra gente

Skinhead
Sem cabeça
Todo mundo
Ficou louco
Situação
Frustração
Todo mundo
Alegação
No quarto
Nas notícias
Todo mundo
Comida de cachorro
Bang back
Morte chocante
Todo mundo
Ficou louco
Tudo que quero falar
É que eles não ligam pra gente
Bata em mim
Odeie-me
Você nunca vai
Me quebrar
Procure-me
Emocione-me
Você nunca vai
Me matar
Julgue-me
Processe-me
Todo mundo
Acabe comigo
Chute-me
Estraçalhe-me
Não diga que sou
Preto ou branco
Diga-me o que aconteceu com minha vida
Tenho uma mulher e dois filhos que me amam
Eu sou vítima da violência da polícia
Estou cansado de ser vítima do ódio
Você roubando o meu orgulho
Oh, pelo amor de Deus
Olho para os céus para cumprir a profecia
Liberte-me
Skinhead
Sem cabeça
Todo mundo
Ficou malvado
Trepidação
Especulação
Todo mundo
Alegação
No quarto
Nas notícias
Todo mundo
Comida de cachorro
Homem negro
Chantagem
Jogue o cara
Na cadeia
Diga-me o que aconteceu com meus direitos
Eu sou invisível? Porque você me ignora
Sua proclamação me prometeu liberdade
Estou cansado de ser vítima da vergonha
Eles estão acabando com minha reputação
Não acredito que essa é a terra de onde vim
Você sabe que eu na verdade odeio falar isso
O governo não quer enxergar
Mas se Roosevelt estivesse vivo
Ele não deixaria isso acontecer, não
Litígio
Bata em mim
Xingue-me
Você nunca vai
Me sujar
Ataque-me
Chute-me
Você nunca vai
Me pegar
Algumas coisas eles não querem enxergar na vida
Mas se o Martin Luther estivesse vivo
Ele não deixaria isso acontecer, não
Segregação
Não
Julgue-me certo ou errado
Eles me mantêm no inferno
Estou aqui pra te lembrar
:
:
Veja o vídeo da apresentação com o Olodum clicando aqui.
Infelizmentre a incorporação não está autorizada.
:
:
They Don't Care About Us

Skin head
Dead head
Everybody
Gone bad
Situation
Aggravation
Everybody
Allegation
In the suite
On the news
Everybody
Dog food
Bang bang
Shock dead
Everybody's
Gone mad
All I wanna say is that
They don’t really care about us
All I wanna say is that
They don’t really care about us
Beat me
Hate me
You can never
Break me
Will me
Thrill me
You can never
Kill me
Jew me
Sue me
Everybody
Do me
Kick me
Kike me
Don’t you
Black or white me
All I wanna say is that
They don’t really care about us
All I wanna say is that
They don’t really care about us
Tell me what has become of my life
I have a wife and two children who love me
I am the victim of police brutality, no
I’m tired of bein’ the victim of hate
Your rapin’ me of my pride
Oh for God’s sake
I look to heaven to fulfill its prophecy
Set me free
Skinhead
Deadhead
Everybody
Gone bad
Trepidation
Speculation
Everybody
Allegation
In the suite
On the news
Everybody
Dog food
Black man
Black mail
Throw the brother
In jail
All I wanna say is that
They don’t really care about us
All I wanna say is that
They don’t really care about us
Tell me what has become of my rights
Am I invisible ’cause you ignore me
Your proclamation promised me free liberty, no
I'm tired of bein’ the victim of shame
They're throwin’ me in a class with a bad name
I can't believe this is the land from which I came
You know I really do hate to say it
The government don't wanna see
But if Roosevelt was livin’
He wouldn’t let this be, no, no
Skinhead
Deadhead
Everybody
Gone bad
Situation
Speculation
Everybody
Litigation
Beat me
Bash me
You can never
Trash me
Hit me
Kick me
You can never
Get me
All I wanna say is that
They don’t really care about us
All I wanna say is that
They don’t really care about us
Some things in life they just don’t wanna see
But if Martin Luther was livin’
He wouldn’t let this be, no, no, no, yeah, yeah, yeah, yeah
Skin head
Dead head
Everybody's
Gone bad
Situation
Segregation
Everybody
Allegation
In the suite
On the news
Everybody
Dog food
Kick me
Kike me
Don't you
Wrong or right me
(They keep me on fire)
All I wanna say is that
They don’t really care about us
(They keep me on fire)
All I wanna say is that
They don’t really care about us
(I’m there to remind you)
All I wanna say is that
They don’t really care about us
All I wanna say is that
They don’t really care about
All I wanna say is that
They don’t really care about
All I wanna say is that
They don’t really care about us

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Notícias de uma guerra particular - Kátia Lund & João Moreira Salles




Sinopse: O documentário de Kátia Lund e Moreira Salles retrata o cotidiano dos moradores e traficantes do morro da Dona Marta, no Rio de Janeiro, em Notícias de uma Guerra Particular. Resultado de dois anos de entrevistas (entre 1997 e 1998) com personagens que estão de alguma forma envolvidos ou vêem de perto a rotina do tráfico, o documentário contrapõe a todo o momento as falas de traficantes, dos policiais e dos moradores. Notícias de uma Guerra Particular traz cenas desconcertantes, como o garoto de dez anos que diz ter prazer em estar perto da morte, o policial que se orgulha em matar, e as crianças que sabem de cor os nomes das armas e suas siglas. (Fonte)



Abaixo, o filme Notícias de uma guerra particular - direção de Katia Lund e João Moreira Salles em 1998-99. Obra completa em 14 vídeos. Na sequencia, links para artigos que discutem o filme, mídia e jornalismo. Bom proveito!








































































































































Veja acima Notícias de uma guerra particular - dividido em 14 vídeos.

Para pensar criticamente o filme leia o artigo: Os aspectos jornalísticos do documentário "Notícias de uma guerra particular". O autor, Bernardo de Andrade Carvalho, é aluno de pós-graduação (Centro Universitário Jorge Amado) e também jornalista de vasta experiência, o que valoriza o texto. Sua análise privilegia aspectos técnicos do jornalismo, mas apresenta ótimas informações para quem queira se debruçar sobre o filme segundo ponto de vista dos estudos culturais.

Tropa de Elite: Tihuana no MultiShow - Nov./2010

Música "Tropa de Elite" - banda Tihuana
- transmissão da rádio do Multishow em 10/11/2010.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Guerra no Rio: um olhar irônico [2]



:
:
:
:

:
:
:
olhos vermelhos
:
pó de ser maconha
pó de ser insônia
pó de ser tristeza
pó de ser aflição
:
irmão que mata irmão
pó de ser maldição
:
(coisa do Capeta
ou de Jesus Cristo
Nosso Senhor?)
:
Sol dado rei posto
Estado total da nação
:
irmão que mata irmão
pó de ser maldição
:
insônia
tristeza
aflição
:
soldado de olhos vermelhos
:
maconha não
:
:
:
- 9/12/2010 -
Poema que fiz especialmente para a última foto,
embora dialogue com todas que compõem a série "Guerra no Rio".
Infelizmente não sei o nome dos fotógrafos/jornalistas que as fizeram.
Foram capturadas na rede durante a pesquisa de imagens.
Parabéns a eles, é claro!
Marciano Lopes

Guerra no Rio: um olhar irônico [1]





O olhar irônico a que me refiro no título é meu. Mas isto não descarta a hipótese de que, em alguns casos, também seja do fotógrafo (de modo que a ironia seria construída e não acidental). Em outras palavras, é quase certo que, em algumas fotos, o olhar por detrás da câmera construiu conscientemente as ironias (e alegorias) que vejo nelas. Mas não vou dizê-las. Convido o leitor a fazê-lo (ou discordar) nos comentários.
:Não deixe de ver "Guerra no Rio [2]" . postagem que encerra a série.
:
Sobre o tema, veja ainda meu poema Sinuca I e "Do cortiço à favela"*, abaixo,
ambos publicados em meu livro A contrapelo, em 2007.

* Com pequenas (mas significativas) alterações.


DO CORTIÇO À FAVELA
(evolução de um samba enredado)

:
em memória de Wilson Batista, Geraldo Pereira, Noel Rosa,
Elis Regina e Bezerra da Silva

...............................................
Rio 40 graus/cidade maravilha / purgatório da beleza e do caos.
(“Rio 40 graus” – Fernanda Abreu, Fausto Fawcet e Laufer)

no batuque de todo dia
cabeças tetas e pernas
quebra quebra e requebra
no terreiro da favela

................................................................gatos giram navalhas
................................................................rodam espinhas de peixe

a baiana mexe que mexe
num bamboleio que tem que tem
balança embola e rebola
dá um nó nas cadeiras
e vem sambando vem!

...............................................................na maior patuscada
...............................................................não há quem não dê leite...
.............................................................. (upa upa neguinho!)mas o quê que a baiana tem?!

pé de moleque paçoca
vatapá e acarajé
berimbau moda viola
quindim e cafuné

quem não tem samba no pé
bom sujeito não é!

.............................................................. olha a sardinha assada!
.............................................................. boa gostosa e barata!
.............................................................. olha a sardinha assada!

o morro não tem vez!
mas o que ele fez...

............................................................deixa disso mano
........................................................... com macaco do governo
........................................................... a gente se junta e mete o cano!

........................................................... e se alguém pisa no meu calo
........................................................... é só pegar no cavaquinho........................................................... pra cantar de galo!

brota do barro híbrido
barão de massapé
mas no pagode da tia
tem cocada pó escopeta
bananeiras e barracos
treta trepando morro acima

que sarapatel de gatos!

........................................................... urubu de fraque e cartola
........................................................... vai voando vê o que rola
............................................................domingo no Maracanã

a mocidade tá tá tá tá maluca
quebra requebrando pelas ruas
num samba da maior fissura!

.......................................................... (taí o corpo estendido no chão...)

do alto das arquibancadas
os mirandas nos mirantes
gritam loucos por seus tanques
:
..................................THE APOCALIPSE NOW
..................................THE APOCALIPSE NOW
..................................o arsenal indo aos ares
..................................num estrondo nacional!

rebenta o rap nas rádios
o funk na periferia
abaixo do equador não há pecado
nem filosofia

.................................................................. ajoelhou tem que rezar
.................................................................. malandro que é malandro
.................................................................. apanha de bico calado
.................................................................. não vacila nem cagüeta
...................................................................e quando sai de cana
...................................................................é por todos respeitado


...........................................ei você aí!
............................... qual o pente que te penteia?!!

ei você aí!!!

.................................................................... olha o pente da macaca cá !!!
:
:...............................
Pega um pega geral
.................................também vai pegar você!:
.................................................................

                                                                      (chora na passarela
..................................................................... pra que negar, amor
.........................................................................a dor...)

Em defesa do WeakLeaks - pela liberdade de expressão



Caros amigos,

A campanha de intimidação massiva contra o WikiLeaks está assustando defensores da mídia livre do mundo todo.

Advogados peritos estão dizendo que o WikiLeaks provavelmente não violou nenhuma lei. Mas mesmo assim políticos dos EUA de alto escalão estão chamando o site de grupo terrorista e comentaristas estão pedindo o assassinato de sua equipe. O site vem sofrendo ataques fortes de países e empresas, porém o WikiLeaks só publica informações passadas por delatores. Eles trabalham com os principais jornais (NY Times, Guardian, Spiegel) para cuidadosamente selecionar as informações que eles publicam.

A intimidação extra judicial é um ataque à democracia. Nós precisamos de uma manifestação publica pela liberdade de expressão e de imprensa. Assine a petição pelo fim dos ataques e depois encaminhe este email para todo mundo – vamos conseguir 1 milhão de vozes e publicar anúncios de página inteira em jornais dos EUA esta semana!

http://www.avaaz.org/po/wikileaks_petition/97.php?cl_tta_sign=e88c3cca3fd166faf70305444e79f9e2

O WikiLeaks não age sozinho – eles trabalham em parceria com os principais jornais do mundo (NY Times, Guardian, Der Spiegel, etc) para cuidadosamente revisar 250.000 telegramas (cabos) diplomáticos dos EUA, removendo qualquer informação que seja irresponsável publicar. Somente 800 cabos foram publicados até agora. No passado, a WikiLeaks expôs tortura, assassinato de civis inocentes no Iraque e Afeganistão pelo governo, e corrupção corporativa.

O governo dos EUA está usando todas as vias legais para impedir novas publicações de documentos, porém leis democráticas protegem a liberdade de imprensa. Os EUA e outros governos podem não gostar das leis que protegem a nossa liberdade de expressão, mas é justamente por isso que elas são importantes e porque somente um processo democrático pode alterá-las.

Algumas pessoas podem discordar se o WikiLeaks e seus grandes jornais parceiros estão publicando mais informações que o público deveria ver, se ele compromete a confidencialidade diplomática, ou se o seu fundador Julian Assange é um herói ou vilão. Porém nada disso justifica uma campanha agressiva de governos e empresas para silenciar um canal midiático legal. Clique abaixo para se juntar ao chamado contra a perseguição:

http://www.avaaz.org/po/wikileaks_petition/97.php?cl_tta_sign=e88c3cca3fd166faf70305444e79f9e2

Você já se perguntou porque a mídia raramente publica as histórias completas do que acontece nos bastidores? Por que quando o fazem, governos reagem de forma agressiva, Nestas horas, depende do público defender os direitos democráticos de liberdade de imprensa e de expressão. Nunca houve um momento tão necessário de agirmos como agora.

Com esperança,

Ricken, Emma, Alex, Alice, Maria Paz e toda a equipe da Avaaz

Fontes:

Fundador do site WikiLeaks é preso em Londres:
http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/fundador+do+site+wikileaks+e+preso+em+londres/n1237852973735.html


Hackers lançam ataques em resposta a bloqueio de dinheiro do Wikileaks:
http://www.google.com/hostednews/afp/article/ALeqM5g5_1RyqwzqqSdcdkuXSkRwc3OCbA?docId=CNG.3ee5f70f5e1bc38f749f897810be5a31.6a1

Conheça o homem por trás do site que revelou documentos secretos americanos:
http://www.correio24horas.com.br/noticias/detalhes/detalhes-1/artigo/conheca-a-historia-do-site-que-revelou-documentos-secretos-americanos/

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Leiam entrevista com Julian Assange publicada em outubro en El País clicando aqui.

Vejam o vídeo em que helicópteros norte-americanos abrem fogo sobre jornalista e civis iraquianos matando também duas crianças clicando aqui.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

domingo, 5 de dezembro de 2010

Arte, filosofia, história e educação: as pinturas de Marco "Maranhão"

O vídeo acima apresenta pinturas feitas pelo professor de história Marco "Maranhão" em sua casa no Jardim Liberdade, em Maringá, e a leitura/interpretação que ele faz de cada uma delas, que são alegorias histórico-filosóficas.

Veja mais sobre educação no blog de Marco "Maranhão": http://janolanterneiro.blogspot.com/

Protesto dos Professores do Estado do Paraná - dia 6 de dezembro

Acima, vídeo que recebi do amigo Marcos "Maranhão" via orkut. Apresenta as faixas que fez à pedido da APP para protesto - dia 6 de dezembro - por uma educação melhor e, mais especificamente, pela decisão do atual governo do Estado do Paraná em não nomear os professores concursados, deixando centenas de alunos sem professores e sem aulas ou com professores improvisados a cobrir a ausência dos colegas não nomeados.

Veja mais sobre educação no blog de Marco "Maranhão": http://janolanterneiro.blogspot.com/

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Ferreira Gullar homenageado em Portugal


Meu amigo Pedro Lopes Almeida sempre agitando nas terras além-mar. Segue abaixo e-mail de divulgação do evento Cidade Poética - que já deve estar acontecendo neste momento - em homenagem a Ferreira Gullar, um de meus poetas preferidos.

A 2ª sessão de poesia rumo ao projecto CIDADE POÉTICA será no próximo dia 29 - Sexta-feira -, pelas 18h30, na Galeria DIXIT, rua Miguel Bombarda, n.º 105 - Porto, com o título "Ferreira Gullar à lupa".

Este autor brasileiro, que já foi nomeado para o Prémio Nobel e recebeu recentemente a mais importante distinção dada a um escritor de língua portuguesa - o Prémio Camões -, esteve na origem do movimento Neo-Concreto da poesia brasileira, tendo-se depois dedicado a uma escrita mais interventiva socialmente, cujo exemplo maior é o seu célebre "Poema sujo".

Ferreira Gullar, "metade multidão metade solidão", é uma das vozes mais singulares da poesia contemporânea brasileira e será nesta sessão apresentado por Ana Catarina Marques, Maria Inês Castro, Pedro Lopes Almeida e Patrícia Lino (FLUP), com a projecção de um vídeo e exposição de retratos do poeta da autoria de Patrícia Lino.

Será servido um Porto de Honra no fim da sessão.

Entrada: 2 €.



POETRIA


Era pouco? era muito?
Era uma fome azul e navalha
uma vertigem de cabelos dentes
cheiros que traspassam o metal
e me impedem de viver ainda
Era pouco? Era louco,
um mergulho
no fundo de tua seda aberta em flor embaixo
onde eu
morria

("A Poesia", Dentro da noite veloz)

domingo, 24 de outubro de 2010

Viva Brasil!!! 7 de novembro na Chácara Aquarela



Apresentação do Corda Crua no Festival II Acorde Universitário
UEM 2009 - Canção: Saga e sina.


Disritmia Samba Clube interpretando O que é, o que é,
de Gonzaguinha e É hoje, de Didi e Mestrinho.

Estação Copacabana interpretando Você não entende nada,
de Caetano Veloso e Cotidiano, de Chico Buarque.


Apresentação do Dedo de Moça - composição: Vai.
Festival I Acorde Universitário - UEM - 2008.


Paulinho Schoffen (Cottonet Clube) e Luciano Blues
Composição: O último dia - de Paulinho Moska e Billy Brandão
Teatro Universitário da UEM.


VIVA BRASIL

A Festa da Celebração da Musica Brasileira!

Nossa música, nossa arte!!

Data: 07 de Novembro de 2010

Início: 15:30h

Local: Chácara Aquarela

Espaço de encontro do que há de melhor no Brasil: seus ritmos, a diversidade musical e a capacidade do brasileiro em incluir e transformar o diferente.

Nesta primeira edição, as bandas da cena de música brasileira em Maringá se reúnem em um formato especial e inédito! Dedo de Moça (samba de raiz) com Corda Crua (forró), Estação Copacabana (samba) com Cottonet-Clube (música brasileira) e Disritmia Samba Clube (samba rock) com Novo Trio (música brasileira).

Exaltando a nossa música e nossa arte! Cada artista com seu estilo contribui para esta grande Festa da Música Brasileira! Viva a nossa música! Viva a nossa arte! Viva Brasil!

Atrações:

Dedo De Moça
Corda Crua
Estação Copacabana
Cottonet-clube
Disritmia Samba Clube
Novo Trio
Dj Don Nattus

Ponto de vendas:

GENKO MIX MARINGÁ PARK

BADULAQUE ESTUDIO BAR

44-9998-7066-Bruno
44-8801-7945-Fábio
44-8836-2240-Pedro
44 -9945-8746- Amanda
44-9826-0505-Juliana
44-8437-3234 Victor
44-8827-7800- Si Gomes
44-8819-6794-Rayana
44-9936-7727-Liah
44-99932024-Mari
44-88455742-Guapo

sábado, 23 de outubro de 2010

Momentos "No Meio do Caminho": Happy Hour 2003


Da esquerda para a direita: Ivan Téo, Sansão,
Giu Maranho e donLeal.

Nívea Martins e Simone Tom

donLeal e Ivan Téo (no violão)

Da esquerda para a direita: Ivan Téo, Sansão,
Giu Maranho e donLeal.

Cartaz do Happy Hour


Nas fotos acima, Sílvia Sato e Oberdan Leonel sendo premiados com livros sorteados no I Happy Hour No Meio do Caminho - realizado na Aduem (Associação dos Docentes da Universidadade Estadual de Maringá) em 8 de novembro de 2003.
Ao meu lado, Caetano Medeiros, idealizador e webdesigner do nosso desativado site Revista No Meio do Caminho.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

DICAS PARA UMA ÓTIMA CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS



Karla Morelli*


Para se fazer uma ótima contação de histórias é necessário que haja muita criatividade e que não se tenha a maldita da pressa, esta que é a principal, senão for a única, suspeita por acabar e ser inimiga da perfeitissíma perfeição. Aliás, quem tem pressa come cru.
Para que aconteça uma ótima contação, tem que se escolher um bom livro, que desperte o interesse de quem vai contar e de quem vai ouvir a história. E se, no meio da contação, você se perder, não se preocupe, caro leitor, é pra isso mesmo que existe o improviso, nem todos tem a habilidade de usá-lo, mas ele é um pobre coitado, pois muitas vezes, quando entra na história, o ouvinte nem o percebe. O improviso, quando é muito bem utilizado é um dos principais recursos, se não for o principal, para a conclusão e a finalização da bendita contação de histórias. O ideal é que ele não transpareça na sua apresentação, pois se resolver transparecer, já não é mais considerado como um improviso, mas como uma péssima atuação do contador.
Sabe, meu caro leitor, fazer uma ótima contação de histórias não é fácil não, dá muito trabalho, pois o método para contar histórias exige tempo e já se inicia no momento em que você escolhe um livro para apresentar; mas, afinal, o que realmente deve-se escolher? Pois as escolhas são extremamente difíceis, decisivas e pessoais; o que eu gosto, não é necessariamente o que você pode e deve gostar e isso muitas vezes gera o conflito.
Desculpe-me a dispersão, caro leitor, voltemos ao método para uma ótima contação. Após a escolha de um livro, o próximo passo é que a história dever ser obrigatoriamente adaptada, pois imagine se você fizer uma contação e ficar preso nas linhas do livro, isso poderá ser fatal, pois se você se perder no texto, poderá até tentar improvisar, mas preso na narrativa, jamais conseguirá voltar à contação – e uma palavra esquecida é o assassinato da narrativa.
Após adaptar a história e ensaiá-la quantas vezes for preciso (o ensaio pode ser individual, na frente de um espelho, ou apresentado para pessoas fiéis a você, que digam a verdade sobre o que estão ouvindo e vendo, se realmente a contação foi boa ou péssima) é necessário criar o seu próprio figurino, o mais indicado é que seja: calça, camisa/camiseta e calçados pretos – pois não é você que tem que chamar a atenção do público e sim a história que será apresentada - e seu estilo próprio para narrar.**
Preparado para desempenhar a contação, com a história escolhida já adaptada, ensaiada e memorizada, com um figurino ideal, e com seu estilo próprio de narrar, você pode marcar o dia e o local para realizá-la. Ah, só mais um detalhe, se você quiser, pode utilizar bonecos, objetos, trilha sonora, etc... Estes recursos vão da criatividade de cada um.
Agora é só apresentar a história e se preparar para as críticas e elogios que irão vir.
___________________
* Estudante de letras na UEM e contadora de histórias. Contato: karlamorelli@hotmail.com – Texto feito para a disciplina de Literatura e Ensino, ministrada por mim ano passado.
** Vejam a foto, com a autora em ação contando histórias para crianças carentes de Mandaguari/PR.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Sansão no IV Sarau Outras Palavras

Sansão cantando sua composição Headache's Blues durante o IV Sarau Outras Palavras, dia 7 de outubro de 2010, no Bar Coração Brasileiro. Evento que encerrou a 2a Jornada Interartes Outras Palavras (2a JIOP).

domingo, 17 de outubro de 2010

Lu Galetti no IV Sarau Outras Palavras


Lu Galetti cantando no IV Sarau Outras Palavras, dia 7 de outubro de 2010, no Bar Coração Brasileiro. Evento que encerrou a 2a Jornada Interartes Outras Palavras (2a JIOP). Infelizmente, por razão de força maior, a pessoa que faria as fotos e filmaria o show não pode ir, de modo que ficamos apenas com este vídeo e o anterior, feitos por Celina Gorete da Silva, nossa salvadora (valeu Celina!).

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

2ª JIOP INSCRIÇÕES PRORROGADAS

2ª JORNADA INTERARTES OUTRAS PALAVRAS

DIA 07 DE OUTUBRO DE 2010

TEMA: FRANZ KAFKA E A LITERATURA FANTÁSTICA

INSCRIÇÕES ATÉ 5 DE OUTUBRO


Para ver a programação completa e fazer a sua inscrição, clique aqui.

domingo, 26 de setembro de 2010

Lu Galetti e Natália Ferlin no II Sarau Outras Palavras

Show de Lu Galetti no II Sarau Outras Palavras, realizado durante o II CONALI,
outubro de 2008.

Título da música: Olhando
Letra e música: Lu Galetti

Músicos:

Baixo: participação de Natália Ferllin
Vocal: Lu Galetti
Guitarra: Loro
Bateria: Sandro Baquete
Teclados: Hanson

ATENÇÃO:
Lu Galetti estará no IV Sarau Outras Palavras, evento que finaliza a 2a JIOP. Para saber da programação do evento e fazer a sua inscrição, clique aqui.

domingo, 19 de setembro de 2010

Apresentação da Revista JIOP


A Revista JIOP e suas singularidades

A Revista JIOP – que será lançada dia 7 de outubro, durante o IV Sarau Outras Palavras – é mais uma conquista do Projeto Outras Palavras e do Departamento de Letras (DLE) da UEM. Sua importância maior reside em sua singularidade, ou melhor, em suas singularidades. Primeiro: é uma publicação digital (em DVD), o que lhe possibilita apresentar não somente textos escritos e imagens, mas também vídeos e links pra internet, tornando-a bastante interativa na medida em que o leitor poderá navegar facilmente pelos hipertextos sugeridos em cada artigo ou seção. Segundo: é a primeira publicação do DLE que privilegia a literatura e outras artes, o que acontece em um momento propício, visto que no ano que vem (2011) estarão iniciando as primeiras turmas dos cursos de Artes Cênicas e Artes Visuais – os quais terão nela um canal de publicação. Terceiro: é uma revista que, não sendo estritamente acadêmica, posto que privilegie a divulgação cultural, está voltada para a comunidade em geral, aceitando textos de alunos de graduação e não acadêmicos. Quarto: é a primeira publicação – fora algumas revistas on-line – que abre espaço para os artistas locais, servindo à promoção e divulgação da arte realizada em Maringá e região.

Sobre a primeira edição da Revista JIOP

O primeiro número da Revista JIOP teve sua editoração eletrônica feita pelo colega Fábio Lucas Pierini – que teve a brilhante ideia para a sua logo, que pode ser vista acima – e apresenta as seguintes seções:

a) ARTIGOS - com oito ensaios sobre literatura e outras artes:
.....Literatura e teatro: encontros e desencontros formais e históricos, de Alexandre Villibor Flory,
.....A narrativa e as ilustrações nas Metamorfoses de Ovídio: leitura do texto e da imagem, de Clarice Zamonaro Cortez,
.....Brecht: estranhamento e aprendizagem, de Eduardo Fernando Montagnari,
.....Sexto sentido, Corpo fechado e Sinais – filmes dentro das teorias literárias, de Fábio Lucas Pierini,
.....Literatura e cinema na sala de aula: uma análise da tradução cinematográfica de O cortiço, de Marciano Lopes e Silva,
.....O kitsch em Romeu e Julieta: Luhrman e Shakespeare, de Marisa Corrêa da Silva, Literatura e cinema: aliados na (re)construção da identidade nacional, de Margarida da Silveira Corsi,
.....O inconstituído nacional sob uma perspectiva culturalista: a antropofagia tropical, de Patrícia Marcondes de Barros;

b) PAINEIS – com os resumos de pesquisas e trabalhos sobre literatura e outras artes apresentados na 1ª JIOP;

c) CRIAÇÃO LITERÁRIA – com poemas e contos de diversos autores: Ademir Demarchi, Ivan Téo, Gisele Cezar, Luciana Brites, Marciano Lopes, Mário donLeal, Nelson Alexandre, Nívea Martins, Sansão e Valéria Eik;

d) ARTES PLÁSTICAS – com fotos de esculturas e pinturas de Gisele Cezar e Mário donLeal;

e) REVISTA POP – com link para as melhores postagens da Revista Outras Palavras;

f) FOTOS – com fotos da 1ª JIOP;

g) VÍDEOS – com vídeos das performances teatrais, leituras dramáticas e shows musicais (de Sansão e amigos do Blues e de Eduardo Montagnari) apresentados na 1ª JIOP;

h) NORMAS – com as orientações para quem quiser publicar na revista JIOP.
Quem tiver o desejo e a curiosidade de estar entre os primeiros a conferir o resultado, é só comparecer no seu lançamento, dia 7 de outubro, 19 horas, durante o IV Sarau Outras Palavras, evento que encerrará a 2ª JIOP.

Marciano Lopes
Diretor da Revista JIOP

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Sai pra lá, Maria Kafka!


Abaixo, o texto que deu origem à aula-espetáculo "Sai pra lá, Maria Kafka", de José Pedro Antunes. Aula-show que será apresentada na 2a JIOP, dia 7 de outubro.



“Sai pra lá, Maria Kafka!”

José Pedro Antunes (Unesp-Araraquara)



“Sai pra lá, Maria Kafka!”, foi o que ouvi dizer no quarto ao lado, juntamente com o espoucar de vassouradas nervosas (ou era um chinelo que cantava na parede?). O chega-pra-lá tinha por alvo uma reles barata, bem brasileira, naquele hotelzinho de terceira, Deus sabe onde, e não o “inseto monstruoso” em que se viu transformado Gregor Samsa, ao despertar (não apenas na tradução feita diretamente do alemão por Modesto Carone), “de sonhos intranqüilos”.
Houve uma vez os INIMIGOS DO REI e uma canção de sucesso sobre uma barata chamada Kafka, com o refrão genial: “Vem K. ficar comigo!”. Mas isso foi muito depois de ter havido, para infelicidade de muitos, como querem outros tantos, um certo Torrieri Guimarães. Esse entrou para a história por ter traduzido quase toda a obra do escritor tcheco “diretamente do original americano”. Conheço quem o defenda, pessoas que não se sentem lesadas, por ter feito o que lhe foi possível fazer a seu tempo.
Ocorre que, depois dessa sua famigerada tradução, as letras pátrias se viram infestadas por Joões e Marias Kafkas, fato que levou o poeta Carlos Drummond de Andrade a se sair com uma tirada de gênio: “Kafka, um autor que se tornou mundialmente famoso por imitar diversos escritores brasileiros”. Quem nos conta essa, entre tantas outras impagáveis, é o Otto Maria Carpeaux de “Meus encontros com Kafka”, um ensaio memorável; ele que, aos 21 anos de idade, enfrentou dificuldades em seu primeiro encontro com o franzino Franz, na época, lá como cá, tão desconhecido quanto ele. Foi numa festa em Berlim, povoada de celebridades, que ele quis saber, de um amigo, quem era o rapaz de aparência soturna, isolado a um canto. Ouviu que era o autor de alguns contos esquisitos, um certo KAUKA, não tinha nenhuma importância.
Ao rever o filme O Processo, de Orson Welles, eu me pergunto como, se e quanto o criador de Cidadão Kane não terá metido o pé na mesma canoa furada em que terá naufragado o bravo Torrieri Guimarães. O filme também surgiu num momento em que, pela mão dos editores americanos, Kafka em definitivo se instalava na Weltliteratur, mais sisudo e soturno, com toda certeza, do que aquele rapaz magrinho, o mesmo rosto da foto que tanto intrigara o jovem Peter Handke (“se espinhas não tivera?”), sobrancelhas espessas, um principiante, incógnito no grand monde literário berlinense.
Foi Roman Polanski, quando da montagem de A Metamorfose, em Paris, já ao final do século passado, ele próprio no papel de Gregor Samsa, quem chamou a atenção dos críticos para a não compreensão de algo tipicamente eslavo, um humor lingüístico que se houvera instalado nas entrelinhas do alemão protocolar do autor tcheco que escrevia em alemão, com expressões capazes de sugerir coisas absurdas, incompreensíveis talvez para ouvidos ocidentais, como a idéia de um sujeito qualquer, um obscuro e cumpridor funcionário de uma Companhia de Seguros, um belo dia, acordar transformado num inseto. Ainda mais, eu acrescentaria, com a contribuição milenar de todos os erros, passando pelo auxílio luxuoso das traduções indiretas e do caótico boca-a-boca que assegura a permanência das obras literárias, seja como êxito, seja como fracasso.
Ou não será que o Ocidente, com o ardor de quem ainda não encontrou suas palavras, ansiasse por visões que o ajudassem a compreender situações que, a partir de então, seriam descritas como “kafkianas”, fantasmagorias de uma vocação totalitária latente, pronta para explodir, pipocar por toda parte ao longo de um século, que hoje, pelo retrovisor, e cheios de incredulidade, tentamos localizar na bruma espessa do tempo? Welles optou por uma interpretação sociológica, bem ao gosto dos jovens que ocupariam as ruas naquela década prodigiosa.
Para falar da importância de Kafka, Carpeaux lembra que só Dante e Shakespeare chegaram a tanto, ter seus nomes incorporados, como adjetivos, ao falar cotidiano das pessoas em todo o mundo. Entre “cenas dantescas” e “tiradas shakespearianas”, para não remontar aos “porres homéricos”, bem anos 60, o mundo aprendeu a conviver com o “absurdo kafkiano”, que alguém já achou de dizer “tão nosso”.
Eu nunca havia imaginado uma trilha sonora para Kafka, como se sua linguagem protocolar não comportasse partitura, como se os pesadelos dispensassem melodias. Em O Processo, de Orson Welles, a surpresa de vê-lo pontuado pelo patético do Adaggio de Albinoni.
Para os estudiosos, e alguns sequer conseguem aceitar tranqüilamente que a autoria seja mesmo de Albinoni, o órgão foi acrescentado ao que restara de um fragmento barroco, alguns compassos e a linha do baixo, supondo que originalmente se destinasse ao uso religioso. No filme, é inevitável que isso aconteça, a sonoridade remete à longa tradição da interpretação teológica do escritor tcheco.
Contrariando o desejo do amigo, Max Brod não apenas deixou de queimar-lhe os escritos inéditos, como tratou de cercá-los, na publicação, de uma exegese tendenciosa. Criava-se um mito. Em seu artigo “Kafka nunca foi santo”, Milan Kundera documenta a metamorfose de Kafka em sisudo sofredor tísico e assexuado, mártir, cordeiro pascal que viveu e morreu pela humanidade.
A página de entrada de um site – que já nem está mais no ar, e da qual talvez só este ensaísta detenha uma cópia –, sugeria um altar: sobre fundo preto, a foto do escritor, efígie ovalada ao centro, ladeada por dois castiçais, duas velas bruxuleantes. Por mim, a página traria, à guisa de epígrafe, uma frase de Peter Handke em Fantasias da Repetição, um dos volumes que fez publicar com suas anotações diárias: “Eu odeio Franz Kafka, o Filho Eterno!”
Mas o filme de Welles traz uma outra música, mais próxima da ausência de música que eu imaginara: 850 máquinas de escrever, espalhadas sobre 850 escrivaninhas, tecladas simultaneamente por 850 funcionários no cumprimento de suas 850 rotinas cinzentas, rigorosamente idênticas.
Essas e outras cenas, que o cineasta, por problemas de última hora (Guerra Fria), não teve permissão para rodar na Iugoslávia, foram transferidas para os suntuosos espaços vazios da Gare d’Orsay, em Paris, então desativada. Na montagem, Welles chega a fundir, numa única cena, monumentos arquitetônicos de três diferentes cidades: Zagreb, Paris e Milão. Num cenário de pesadelo, tudo termina num único e uniforme espaço desumanamente burocratizado, o espaço da Lei, em cujo interior, povoado por uma hierarquia indevassável de juízes invisíveis e pela estropiada multidão dos sentenciados, o processo morosa, incompreensível e interminavelmente se arrasta.
Condena-se o viés sociológico do filme, mas, com todos os senões, ele traduz aspirações de uma época, os anos 60. De quebra, ajuda a superar a fraude teológica e a extensa folha de desserviços prestados à literatura - não só de Kafka - pelo recurso à psicologia.
As gargalhadas que Peter Bogdanovich ouviu de Welles no escuro das cinematecas européias fazem supor que, para ele, o "absurdo kafkiano" tivesse algo de afetação, de comédia, de pantomima.
Tanto em Kafka, como em Welles, as cenas finais, com Joseph K. sendo arrastado ao local do sacrifício por dois algozes de pastelão, são dignas dos melhores cartunistas.
Nos desenhos do próprio Kafka, sugestões de ordem não-verbal parecem comentar seus ataques de riso ao ler passagens do texto para os amigos.
Kafka deixou de ser apenas um escritor, diz Peter Handke, para se tornar um personagem da humanidade. Esboço do homem comum, esse ser coletivo, seu feito só se compara ao de um outro grande artista do século XX, outro grande humorista: Charlie Chaplin.
Recém-egressa do papel de Sissi, a imperatriz adolescente do Império Austro-Húngaro, que provocou suspiros e lágrimas de esguicho por três episódios de uma série famosa, que salto não terá sido, para Romy Schneider, trabalhar com Welles em O Processo.
Entre os guardados de um sótão, sua personagem, Leni, pratica uma das raras cenas de sexo de uma obra, a de Kafka, repleta de alusões vagamente homoeróticas e assombrada pelo pavor adolescente ante a descoberta, pela mãe, dos lençóis maculados por poluções noturnas ou pelo vício solitário.
A questão, para Peter Handke, repito, era saber se o “Filho Eterno” nunca terá tido espinhas. Em O Castelo, o sexo é praticado atrás do balcão da estalagem, entre caixotes, garrafas e poças de cerveja.
Assim, é atrás de migalhas que se esfalfam os exegetas da vertente psicanalítica, que, sem ganhos expressivos, só faz engrossar a enxurrada das interpretações psicologizantes. E isso, muito depois de Hans Mayer ter perpetrado o seu: “Kafka ou Pela última vez psicologia”.
No plano da realidade, Romy contracena com “o filho que era a mãe” (na piada, esse o título de Psicose, de Alfred Hitchcock, em versão portuguesa). A escolha de Anthony Perkins para viver Joseph K. nunca foi engolida pela crítica. Sua atuação, considerada histérica, costumava ser recebida como traição à sobriedade da linguagem protocolar de Kafka. Só depois de morto, com tudo o que se soube acerca de seus complexos, angústias existenciais e homossexualismo problemático, é que ela passou a ser redimensionada.
Na Trilogia Kafka, que Gerald Thomas criou nos anos 80, consigo localizar, de memória e muito à distância, algo do humor que Polanski aponta como perdido para a recepção ocidental. Tendo sabido apreender o elemento caricatural da criação kafkiana, Thomas povoou de cinzentas personagens de pantomima a imensa biblioteca que concebeu como cenário. Aos pares ou em trio, elas passavam o tempo a tricotar ou a repetir, mecanicamente, sincronizadamente, os mesmos gestos grotescos.
Em O Veredicto, há outra cena que talvez não tenha sido ainda devidamente percebida como de comédia. De camisola, enfermo e dominador, o pai ancião saltita acintosamente sobre o leito, para melhor torturar o filho, que, em desespero, desce correndo a escada, chega até a rua, apressa-se até a ponte, de onde haveria de se projetar, para cumprir a formidável condenação paterna que sobre ele desabara. Num típico epílogo kafkiano, o último parágrafo faz saber que a cidade vivia o seu normal, com o tráfego a fluir regularmente pela ponte e arredores.
É a mesma tranqüilidade com que a família, liqüidado o “inseto monstruoso”, sai a passear pelo parque ensolarado, ou o artista da fome, em narrativa homônima, é varrido com a palha da jaula onde ocupara o lugar de uma pantera.
A interpretação sociológica, que norteou a leitura de Welles, teria vida longa. Pelo viés da Teoria Crítica, que, redescoberta pela geração de 68, continua a inspirar gerações de leitores, o autor tcheco não faz senão relatar o percurso sinistro de uma sociedade que caminha para ser totalmente administrada.
Mas a gravidade das conseqüências não descarta o grotesco dos desdobramentos possíveis. Não deixa de ser engraçada, como no filme de Welles, a visão futurista dos enormes espaços fascistas, a abrigar miríades de outras Marias Kafka.
Das experiências totalitárias de direita (nazi-fascismo) e de esquerda (socialismos diversos), ao neoliberalismo econômico que veio a um só tempo coroar e pôr em xeque o capitalismo, sabe-se quanto os tropeços de um pensamento único e as trapalhadas da burocracia podem servir de inspiração ao humor dos cartunistas. Haja inseticida! Ou vassouradas!

terça-feira, 7 de setembro de 2010

A contrapelo, de Marciano Lopes - livro & CD

Para adquirir, faça contato com o autor pelo e-mail: etlopes@hotmail.com

Links para ouvir algumas músicas do CD A contrapelo:




Ouça aquivos MP3 do Programa Outras Palavras com os poemas:
Lições de História - O poeta gauche e os arautos do Senhor - Migalhas - Sinuca e Viagens.

IV Sarau Outras Palavras - Nova Programação


ATENÇÃO

Após 22 horas, a noite segue com muito samba/pagode com o grupo Opção.
O IV Sarau Outras Palavras faz parte da programação da 2a JIOP. Para saber da programação do evento e fazer a sua inscrição, clique aqui.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Vídeo: "Mirando Janis Joplin" - Poema: Marciano Lopes - Compositor e intérprete: Lu Galetti

A apresentação acima foi durante o II Sarau Outras Palavras, realizado em 21 de outubro de 2008 durante o II CONALI (II Congreso Nacional de Linguagens em Interação). Apesar de ter feito a composição musical para o poema "Mirando Janis Joplin" (ex-"Quando se fala de cadeira"), a surpresa da ausência de Ivan Teo, que ia interpretá-la, levou Lu Galetti a improvisar sua interpretação. Fica aqui o registro de sua sensível recriação da própria obra (rs rs rs) e mais uma demonstração da fertilidade deste poema meu que me é deveras querido, pois tem muitas histórias. Entre elas, sua interpretação por Ivan Teo no I Acorde Universitário (vídeo postado aqui no ano passado).
marciano lopes

sábado, 4 de setembro de 2010

Lu Galetti no Sarau Outras Palavras: Overdose Blues



Show de Lu Galetti no II Sarau Outras Palavras, realizado durante o II CONALI,
em outubro de 2008.

Título da canção: Overdose Blues
Letra e música: Lu Galetti

Músicos:

Baixo e vocal: Lu Galetti
Guitarra: Loro
Bateria: Sandro Baquete
Teclados: Hanson

Para quem perdeu o show de Lu Galetti no II Sarau Outras Palavras, uma outra chance:
ele estará no IV Sarau Outras Palavras, dia 7 de outubro, no bar Coração Brasileiro.

ATENÇÃO:
O IV Sarau Outras Palavras faz parte da programação da 2a JIOP. Para saber da programação do evento e fazer a sua inscrição, clique aqui.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

IV Sarau Outras Palavras - 7 de outubro no Coração Brasileiro

O IV Sarau Outras Palavras faz parte da programação da 2ª Jornada Interartes Outras Palavras (2a JIOP). Para saber da programação da 2ª JIOP e se inscrever no evento, clique aqui.

Durante o IV Sarau Outras Palavras haverá sorteio de livros de literatura e crítica para os participantes da 2ª JIOP. Para saber mais e se inscrever no sorteio, clique aqui.

ATENÇÃO:
Por motivo de força maior, não haverá o show de Geraldinho do Cavaco, Pezinho e Bebezão, mas a noite não ficará sem o embalo da terra. No lugar teremos show com o Grupo Opção após 22 horas.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Lu Galetti no Sarau Outras Palavras




Abertura do show de Lu Galetti no II Sarau Outras Palavras, realizado durante o II CONALI, em outubro de 2008.

Músicas:
a) Cabeça (letra e música de Lu Galetti)
b) Blip blip down (poema de Marciano Lopes e música de Lu Galetti)

Músicos:
Baixo e vocal: Lu Galetti
Guitarra: Loro
Bateria: Sandro Baquete
Teclados: Hanson


Para quem perdeu, uma outra chance: ele estará no
IV Sarau Outras Palavras, dia 7 de outubro,
no bar Coração Brasileiro.

O IV Sarau faz parte da 2a JIOP (2a Jornada Interartes Outras Palavras), que ocorrerá no mesmo dia e terá como tema a literatura de Franz Kafka.

Abaixo programação da 2a JIOP:

2ª JORNADA INTERARTES OUTRAS PALAVRAS (2ª JIOP)
DIA 07 DE OUTUBRO DE 2010
TEMA: FRANZ KAFKA E A LITERATURA FANTÁSTICA

MANHÃ & TARDE
Local: Teatro Oficina da UEM
Exposição permanente de fotos com apresentações do TUM

8:00 – 10:00 – Projeção do filme O processo (1962, Direção: Orson Welles), adaptação da obra homônima de Franz Kafka.
10:00 – 10:15 – Intervalo
10:15 – 11:45 – Mesa-redonda: Kafka e a literatura fantástica – Dr. Milton Hermes Rodrigues e Ms. Fábio Lucas Pierini (UEM) – Mediador: Dr. Márcio Roberto do Prado (UEM)

14:00 – 16:00 – Aula-show sobre a literatura de Franz Kafka com o prof. Dr. José Pedro Antunes (Unesp-Araraquara)
16:00 – 16:15 – Intervalo
16:15 – 17:15 – Bate-papo sobre a literatura de Kafka com os professores Dr. José Pedro Antunes (Unesp-Araraquara) e Dr. Márcio Roberto do Prado (UEM)

NOITE
Local: Bar Coração Brasileiro (Av. Cerro Azul, 412) – IV Sarau Outras Palavras


ATENÇÃO: Varal de Poesias e palco aberto à participação dos presentes

19:30 – 22:00 – Lançamento da Revista JIOP - MPB & Pop Rock com Lu Galetti, Sansão e amigos
22:00 em diante – Samba e pagode com o grupo Opção

INSCRIÇÕES: apenas R$ 30,00 através do blog Revista Outras Palavras.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Um conto de Nelson Alexandre: "Existência mínima"

Existem divisas no braço rude da fragilidade, que inspiram a redução da capacidade de metabolizar qualquer sentimento de lealdade. Ela abre a boca e mostra uma fileira de dentes como uma correia dentada num motor composto por peças que são órgãos de criaturas bizarras. Ela sopra vanguardas sob as partículas mortas de uma lenda antiga, deitada sobre as descargas elétricas de pensamentos reprimidos. Ela levanta as saias e mostra a entrada de um mundo preso por discursos políticos e fundamentalismos relacionados a mesquinharias caseiras. Ela nunca pede o meu órgão de conexão para uni-lo à sua complexa caverna de surpresas, num casulo de nódea eterna.
Ela faz jorrar os sonhos nos canais de carne viva, mostrando a sua beleza em um corpo dotado de um fino veneno. Sou o velho oráculo anexado a uma juventude que me liga a uma fonte de energia libidinosa.
Eu peço para que entre no carro. Ela dá impressão de estar desconfiada de claustrofobias autobiográficas. Pensamentos em caixas de fósforos em chamas. Finalmente partimos.
Hora ou outra dou uma olhadela nas coxas, na boca proibida que se forma naquelas pernas, e que fazem um discurso apoteótico a favor de que eu possa deslizar as mãos sobre elas. Eu vejo uma poesia suja, vestida com uma túnica de algodão, com papoulas cobrindo cada um dos seios.
Há um momento em que ela silencia a minha boca de besteiras radiofônicas, pronunciando o meu nome com brasas vivas na língua. Aparenta não querer chupar, mas quer, mas não chupa.
Língua abrasadora na glande é uma liquidação num dia em que estou duro. Eu tento a aproximação por amizade e consideração. Ataques leves com meus tentáculos de polvo faminto. Labirintos se cruzam num espaço mínimo de bolinação.
Ela corta a cena e a existência do nosso pequeno filme, assim, abruptamente. Derruba a câmera, vergando sobre mim uma acusação de total assédio, mostrando uma cara de falsa inocência que desaparece depois daquele sorriso de chupetinha não-feita.
“Qué pará?”
A noite é fria, chuvosa e nervosa em Space City.
Os dedos das minhas mãos parecem pit-bulls devoradores de mocinhas. Mas não há acordo. Apenas o velho “brigado, fulaninho!”
O som da porta batendo e se fechando. A imagem de suas costas nuas se movimentando em direção a um horizonte de discos voadores rasgando o céu e virando uma explosão de gozo solitário.
Nós existimos somente na zona proibida.
Num local ermo. Com pântanos gasosos exalando cheiros conspiradores. Gases tóxicos que estimulam o poder de ejaculação da besta de três cabeças e nenhum cérebro. Há, apenas, um número de candidatura sugando pensamentos mesquinhos. Interesses que manipulam um gado novo que é o mesmo gado velho e viciado. Engolidor de ruminações estéreis e promessas de vantagens não-cumpridas.
Nós não existimos.
O que existe, na verdade, é uma mancha negra crescendo no hemisfério direito do cérebro, em explícito boicote ao hemisfério esquerdo.
Quero que ambos se extingam.
Quero pensar numa existência mínima, desvinculada de todo empolamento de artifícios literários. Quero que ela volte. Dessa vez, não quero o desenho morto e suturado de suas costas indo em direção à gênese do nosso relacionamento natimorto. Eu a quero como todo homem quer uma mulher.
Empalada nele.

Ajude Nelson Alexandre a lançar seu primeiro livro lendo Affonso Romano de Sant'Anna

O amigo, poeta e contista Nelson Alexandre, de quem já apresentei vários poemas e vídeos na Revista Outras Palavras, está para publicar seu primeiro livro. Até aí, normal, pois mais cedo ou mais tarde, quem trilha essa estrada, dá um jeito de fazê-lo. A grande surpresa é que ele o faz com o apoio de Affonso Romano de Sant'Anna!!! E o mais incrível é a forma como isso sucedeu: publicando seus textos (poemas e contos) na internet - mais especificamente em seu blog http://encruado.zip.net/ - Nelson Alexandre foi descoberto por uma professora que ...


para saber o que ocorreu, leia o texto (publicado no jornal O Diário Norte do Paraná) do jornalista (e também amigo e contista) Alexandre Gaioto na Revista Outras Palavras.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

"Recuerdos" - Argentina y Uruguay



O vídeo acima foi feito pelo amigo Anjo Polenta com fotos da viagem que ele e seu orientador nos estudos de Ecologia Urbana fizeram a Buenos Aires e Montevideo, em julho deste ano, para deleites de pesquisa. É claro, deleites artísticos e literários também. Não falo pelo fato de tê-los acompanhado até Buenos Aires, mas porque Juan é um declarado admirador de Borges, o que fez com que trilhássemos um pouco a sua mítica Buenos Aires. Muito feliz na montagem (nem um pouco aleatória), Polenta teve a sensibilidade de associar a imagem do escritor ao do tigre branco, obsessão do autor muito lembrada por nosso amigo espanhol. Aliás, há várias sequencias de imagens que são sutilmente irônicas... (a da estátua de Vênus focalizada quase em closed no seu sexo seguida das imagens do macaco e dos lagartos é deliciosa, caro amigo!).

Bela narrativa ambientada no "Sul" ao som de Astor Piazzola. Perfeito!

Marciano Lopes

(Ah! as fotos foram feitas por nós três.)