terça-feira, 30 de março de 2010

Poema da madrugada: "Elegia a um poeta romântico"

Elegia a um poeta romântico
                                                       
                                                              Marciano Lopes



¿Dónde iremos a parar
si se acaba Balderrama?

(
Balderrama, canción de Cuchi Leguizamón y
Manuel J. Castilla)*





Vejam a cadeira.
Nela, ele bebeu e sonhou!
Nela, declamou
Brecht,Walt Whitman e Maiakóvski,
ouviu de
Neruda cielos y aguas
que lloran y cantan,
uivou com Ginsberg,
brindou em pessoa com o
Pessoa
e
embriagou-se com Baudelaire!

(Depois cantou!
Em bom e andante
Tom cantou
a eterna e
última namorada...)

Sim, vejam a cadeira,
amarela, humilde e velha cadeira
(solitária como
Van Gogh).
Nela, o triste e brioso
bardo,
com sua boina e casaco azuis,
partilhou a dor de infinitas horas
por madrugadas inteiras!
Mas inteiro, sempre inteiro.
Pleno de lirismo e
melancolia.**

____________________________________________
NOTAS

* A interpretação de "Balderrama", por Mercedes Sosa, fez parte da trilha-sonora do filme de 2008 Che, sobre Che Guevara.

** O desenho "El sueño de la razón produce monstros" (que aparece ao clicar-se em "Melancolia") é uma obra do pintor espanhol Francisco de Goya (1746 - 1828). As pinturas desta postagem são de Van Gogh.

Nenhum comentário:

Postar um comentário