segunda-feira, 29 de junho de 2009

No meio do caminho: o eterno retorno do mito


NEL MEZZO DEL CAMIN


Nel mezzo del camin
tinha uma onça.

Nel mezzo del camin
tinha um leão.

Nel mezzo del camin
tinha uma loba.

Nel mezzo del camin
agora
tem pedras.

Tem TVs a cabo
e mais de mil canais
(quase todos tão iguais...)

tem Rambos
e exterminadores de tudo
(principalmente de utopias!)

tem milk-shakes em shopping-centers
e chupetinhas em cada esquina
(que é pra ninguém voltar
de camisinha vazia)

tem Nikes, Kodaks, Caras e Kojaks
Parmalats, Microsofts, Bennetons e muitas bykes
(do you like it, my little boy?)

tem Big Brothers, Big Bushes e até Bin Ladens
(vai um Big-Saddan-Mac
para o seu breakfast, baby?)

Ai de mim.. Ai de mim...
Que tristeza sem fim...

Esse poema não tem métrica
e muito menos fim!

Ai de mim, ai de mim!
É melhor deixar assim
ou arrebentar logo com Caim!

Nel mezzo del camin...
Nel mezzo del camin...


Poemas: O muro & Nel mezzo del camin
(Marciano Lopes - ambos da série Línguas em fogo)

"No meio do caminho" é um tema - e um mito - constantemente lembrado e retomado na literatura, o que permite uma interminável viagem intertextual e dialógica. Para seguir um pouco mais essa trilha em minha poesia, ouçam no blog do Projeto Outras Palavras o programa Intertextualidade: No meio do caminho X O muro, dedicado a esse tema e ao conceito de intertextualidade.
marciano lopes

Um comentário:

  1. Cara... ter algo no "meio do caminho" é ter, também, várias possibilidades de contornar esse "algo". Essa é a loucura do poema: não tem fim, pois, enquanto houver alguém que tenha alguma coisa no meio do seu caminho, sempre haverá uma nova "rota de fuga"! Sempre haverá uma nova releitura do poema!

    cara.. isso é muito louco... mas os mus dois neurônios não estão mais acompanhando meu raciocínio... rsrsrs TEM SEMPRE ALGO NO MEIO DO CAMINHO!!!

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