quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Dois novos (e fresquíssimos) poemas da série "Línguas em fogo"

DA MODA POÉTICA


Tudo que é sólido desmancha no ar
(já disse Marx em seu Manifesto)
e assim se esvai a poesia
estilhaçada em mil cacos incoláveis
miríades de maldiotas miragens
de uma realidade selvagem.


(Incompreensível e insuportável realidade
sem a devida dose diária
de telenovelas e realities shows
onde a privada pública - e publicitária
faz do otário eros heroína.)


E assim se esvai a poesia
sem centro cetro razão
sem ritmo magia tesão.


Desfilar de fogos f(l)atos
que não iluminam sequer um flash
além da pueril perplexidade geral.


E assim se compraz a poesia
achando o máximo multi(a)plicar o caos
do dia a dia infernal.



POÉTICA DOS PAT(H)OS
(ou da possível epiphania)


Sou um dinossauro
na (pós?) modernidade poética:
meu ideal de poeta
ainda é disparar a seta


(que se o alvo não acerta
pelo menos a bunda espeta).

4 comentários:

  1. Mudando o último verso da segunda estrofe: "faz
    da plebe heroína pura". Melhora o ritmo e a sonoridade (valorizando a aliteração do [p], que se espalha pelo poema), semanticamente mais amplo, afinal, nem todos somos idiotas, só plebe rude...

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  2. Prezado, doutor Lopes e Silva...

    Agradeço o comentário, esclarecendo que o artigo que leste não é meu. De qualquer sorte, augusto doutor, estou agora em paz em relação a essa estranha criatura literária, que por anos amamos como a uma mulher, a tese doutoral!

    E claro, aceito discutir os meus e os teus escritos, desde que na banheira de hidromassagem da alcova tua, com duas mocinhas de 19 anos secretariando a mesa redonda (peço também uísque, por gentileza =] ) !!!

    Até o debate então!

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