Pois transbordando de flores
A calma dos lagos zangou-se
A rosa-dos-ventos danou-se
O leito do rio fartou-se
E inundou de água doce
A amargura do mar
A calma dos lagos zangou-se
A rosa-dos-ventos danou-se
O leito do rio fartou-se
E inundou de água doce
A amargura do mar
("Rosa-dos-ventos", Chico Buarque)
:
:
:
“Noite de vento, noite dos
mortos.”
(O Tempo e o Vento, Erico Verissimo)
Marciano Lopes
Marciano Lopes
Divino vento!
Não nasce nem
morre.
Apenas
existe.
Infinito como
o tempo.
Divino vento
que faz as
montanhas virarem pó
e faz o pó
invadir minha alma
carregando o
cheiro fétido da morte.
Divino vento
que tudo arrasa e arrasta!
Divino vento
que move moinhos!
Inflama a
chama alastra o fogo
e revolta os
mares em vagas colossais!
Divino vento
que penetra
por todos os cantos
poros,
narinas e frestas...
Divino vento
que revolve a terra
seca e
esquálida
que povoa a
história com sussurros
e desenterra velhos
sonhos adormecidos.
Vem!
Vem divino
vento!
Vem vendaval!
Vocifera em
meus olhos a ira dos deuses
na imensidão
da noite!
Vem!
Enlouquece a
natureza!
Que corujas
lancem pios!
Cães ladrem
nos terraços!
Vacas pastem
em jardins!
Cavalos
relinchem em hotéis!
Gatos uivem
no céu!
E ratazanas
invadam as ruas
numa
gargalhada infernal!
Vem!
Divino vento!
Vem com toda
a fúria!
Com a ira de
todas as malditas gerações
amordaçadas!
Vem!
Arrebata a
rosa-dos-ventos!
Divino e
bendito vento!
__________________________
Reescritura de um antigo poema intitulado "As vozes do vento", publicado no livro Concurso DCE-FURG - 15 anos de Contos e Poesias. Rio Grande/RS: FURG, 1987. p. 15-18.:
Link para a sua tradução para o espanhol: http://cantantesdelatierra.blogspot.com.br/2012/07/llamaviento.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário