quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Poetas maringaenses no I Sarau Outras Palavras


Cartaz do I Sarau Outras Palavras


Capa do livro A Contrapelo, de Marciano Lopes.
 Obra publicada com o auxílio da lei de Incentivo à Cultura do Município de Maringá



Sessão de autógrafos de A Contrapelo, durante seu lançamento no I Sarau Outras Palavras.


Ao meu lado, Ana Sabino, meu "braço direito" na organização do evento!


 Nelson Alexandre Viana

Sansão (Fábio Freitas)


Agenda Poética Escolar Pernamente No Meio do Caminho
Organizador: Sansão
Obra publicada com o auxílio da lei de Incentivo à Cultura do Município de Maringá

Michel Navarro
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Ivan Téo (Ivan Luiz de Oliveira)
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Ana Guadalupe
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donLeal
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Nívea Martins
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Ana Guadalupe e Rodrigo Carrera
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Michel Navarro
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Nívea Martins
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Nelson Alexandre Viana
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Ivan Téo (Ivan Luiz de Oliveira)

Poetas maringaenses que participaram do I Sarau Outras Palavras, ocorrido no MPB Bar em 3 de outubro de 2007 por ocasião das comemorações dos 40 anos do Departamento de Letras da UEM mais lançamento do meu livro e CD A contrapelo e da Agenda Poética no Meio do Caminho, organizada pelo amigo Sansão. A todos os meus sinceros agradecimentos!

domingo, 23 de agosto de 2009

Poesia e imagem: considerações na prática


Ao mostrar o postal poético da postagem abaixo ao amigo donLeal, ele sugeriu a palavra "candangos" no lugar de "homens", me alertando para o fato de que os trabalhadores que construíram Brasília eram assim chamados. Achei legal, a palavra sonoramente até se encaixava melhor, pois na duplicação da sílaba/som "can" (candangos cansados) com seu a nasalisado parece se estabelecer uma analogia entre som, ritmo e sentimento (de cansaço). Aí passei a prestar mais atenção à foto que havia escolhido para "ilustrar" o haikai e o resultado do diálogo que se estabeleceu com a imagem foi um novo haikai, mais perfeitamente integrado a ela. Numa analogia com a criação poético-musical diria que antes havia um poema em que foi colocada uma música; depois, no segundo momento, um poema que foi feito para uma música. Há quem ache que o ideal (ou o correto) é as duas serem feitas juntas. Discordo. As três possibilidades são válidas. No primeiro caso, o compositor vai buscar a música do poema; no segundo, o poeta tem que criar uma letra que case com o ritmo e a melodia da música. Questão de acasos e habilidades. No presente caso, de qual vocês gostaram mais, esse postal poético ou o anterior? E por quê? Agradeço desde já àqueles que expressarem sua opinião, sempre é bom saber como o leitor vê os "nossos filhos"...

marciano lopes

domingo, 16 de agosto de 2009

Provocação: Leão-de-chácara X O cobrador





Para pensarmos a literatura de João Antônio, é interessante o confronto com a de Rubem Fonseca, visto que ambos representam personagens de um mesmo universo e têm como tema a violência. Para isso, seguem algumas considerações (e provocações) desenvolvidas com base em uma leitura comparada entre Leão-de-chácara (1974) e O cobrador (1979).
Os contos do livro Leão-de-chácara, de João Antônio, têm como personagens principais os pobres e marginalizados que habitam o “submundo” da grande cidade, no caso, o Rio de Janeiro dos anos 60. Entre eles, se destacam as figuras do malandro, do leão-de-chácara, dos pivetes, meninos de rua, prostitutas, boêmios e traficantes. São esses seres anônimos e excluídos com os quais João Antônio se identifica. E neste ponto reside a grande diferença – a favor de João Antônio, em minha opinião – entre a sua literatura e a de Rubem Fonseca, que também mergulha seu olhar em um universo similar, mas o faz sem se identificar com os seres representados, ou seja, sem nutrir carinho ou compaixão por esses tipos humanos. Daí que os personagens de Rubem Fonseca sejam, em geral, tipos sem alma, estereótipos, enquanto os de João Antônio, mesmo sendo tipos, Possuem uma dimensão humana que os engrandece e os aproxima dos personagens de Dostoievski.
Em comum, temos a incorporação da linguagem coloquial, de palavrões e especialmente gírias. No entanto, enquanto Rubem Fonseca apresenta uma frase mais curta e enxuta, o que dá um ritmo rápido ao texto, a de João Antônio é longa, pois, em geral, dá vazão ao monólogo interior dos personagens ao mesmo tempo em que explora estilisticamente a riqueza do vocabulário destes grupos sociais. Por isso é comum encontrarmos em suas narrativas longas enumerações como no exemplo abaixo, retirado do conto “Leão-de-chácara”:


(...) O que vai pintar de trouxa, espertinho, pé grande, mocorongo do pé lambuzado, muquira, bêbado amador, loque, cavalo de teta, zé mané dando bandeira, doutor de falsa fama, papagaio enfeitado, quiquiriquis, langanhos, paíbas, não será fácil. Eu aturando, ô pedreira! Para mim a noite vai ser de murro.

Essa estilização da linguagem popular, que lhe dá uma dimensão e uma grandeza literárias, faz lembrar a literatura de Guimarães Rosa, que faz o mesmo com a linguagem popular dos sertanejos. Por tal motivo, é lícito aproximarmos ambos no que diz respeito à renovação da linguagem brasileira através de uma literatura que faz do “regionalismo” uma virtude e não um defeito de estilo. Defeito na medida em que grande parte da literatura regionalista empobrece a narrativa com a preocupação de simplesmente registrar aquilo que é típico de uma comunidade ou região sem dar uma dimensão humana e universal a esse espaço e personagens, além de marcar a linguagem deles como a do “outro”. Linguagem errada, não culta, que o narrador em terceira pessoa – superior e culto – não assume como sua. Diversamente dos narradores de João Antônio, que, sendo protagonistas, assumem a palavra e utilizam o discurso em primeira pessoa como forma de afirmar a sua própria identidade.
Ainda seguindo o confronto com a narrativa de Rubem Fonseca, outra diferença estilística e ideológica a favor de João Antônio se encontra na maneira como ambos representam a violência em seus textos. O primeiro a exibe nos mínimos detalhes, dando vazão a um estilo nomeado por Alfredo Bosi de hiperrealismo e que tem nos contos “O cobrador” e “Feliz ano novo” (ambos pertencentes originalmente aos livros homônimos) dois ótimos exemplos. João Antônio, por sua vez, apenas aponta para a sua existência, sem a preocupação ou o intento de transformá-la em espetáculo útil à catarse dos leitores e ao enriquecimento seu e dos editores. Ao proceder desta forma, João Antônio não contribui para os interesses da mídia e do mercado, mas, diversamente, para o enriquecimento da arte. Talvez por isso Rubem Fonseca faça tanto sucesso, enquanto João Antônio permanece à sombra, injustamente esquecido nestes dias em que a literatura sobre a violência urbana e o romance-reportagem (que alguns andam chamando de antropológico), no estilo de Cidade de Deus e Abusado, fazem tanto sucesso.

Para finalizar, é bom lembrar que esse texto resulta mais de impressões de leitura do que de uma análise criteriosa. Seu objetivo maior é resgatar a lembrança da obra de João Antônio e provocar aqueles leitores que gostam de uma boa polêmica.

marciano lopes
DICAS

Visite o seguinte site para conhecer a obra de João Antônio. Ele é fruto do trabalho de pesquisadores da Unesp, campus de Assis (SP), universidade que adquiriu todo o acervo do autor e que tem desenvolvido continuamente pesquisas sobre a sua obra com a participação de estudantes de graduação e pós-graduação:
http://www.cedap.assis.unesp.br/joao%20antonio/index.html

Leia também o excelente artigo “Genial e desconhecido: por que João Antônio, escritor premiado, caiu no esquecimento”, de Carlos Juliano Barros, publicado na Revista Problemas Brasileiros n. 368, março/abril de 2005, no seguinte endereço:
http://www.sescsp.org.br/sesc/revistas_sesc/pb/artigo.cfm?Edicao_Id=207&breadcrumb=1&Artigo_ID=3275&IDCategoria=3547&reftype=1

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Felação - poster poético NMC






















Poema: Fábio Freitas (Sansão)

Intérprete: Nívea Martins

Foto: Fábio Freitas

Apresentação no II Sarau Outras Palavras

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Conto: A VIAGEM

Estava docemente cálida aquela manhã primaveril. O sol banhava com seus tépidos raios os futuros e ruidosos viajantes. A suave brisa mal balançava suas vestes, no entanto penetrava os corpos com o vigor refrescante das auroras e lhes bafejava na alma a fecundidade dos verdes campos do sul.

O jovem pastor consultou o relógio: sete horas. Estava na hora de partir. Pediu a todos que entrassem no ônibus e a cada irmão e irmã que subia os degraus conferia o nome e, com um alvo sorriso nos lábios, saudava-lhes com as palavras do Senhor. Todos presentes e acomodados, proferiu uma oração antes de partirem para o tão esperado retiro espiritual.

A viagem era longa. Os fiéis, ansiosos, comentavam sobre o lugar onde encontrariam seus irmãos, um antigo seminário situado na região serrana do estado. Um paraíso. Afastado da cidade, o seminário era cercado por uma exuberante mata carregada de pinheiros e cortada por um rio, cujas águas gélidas e cristalinas despencavam da montanha formando um imenso véu de noiva.

Na subida da serra, um caminhão desgovernado chocou-se em cheio contra o ônibus, esmagando-o no paredão do morro. Foram mais de seis horas de engarrafamento. A televisão mostrava o trabalho de resgate dos sobreviventes, presos em meio às ferragens, e o desespero dos pais, amigos e familiares. Entre lágrimas e risos convulsos, uma senhora agradecia a Deus pela vida do seu filho.

marciano lopes